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O SORRISO DE ACOTIRENE
HISTÓRIAS FEMINISTAS [MASP] 2019

​São Paulo

ACOTIRENE EM 'HISTÓRIAS FEMINISTAS'

Em sua produção, Mônica Ventura dialoga com culturas afro‑ameríndias e o universo feminino, particularmente aquele habitado por mulheres negras. Na obra exposta em 'Histórias feministas', mostra coletiva em cartaz até 17.11, a artista usa uma série de elementos da cultura material (cabaças, miçangas, sisal) para recontar a história de Acotirene, e assim amplifica o significado que essa figura histórica evoca.

Acotirene vinculou‑se a um importante mocambo, situado dentro da grande agremiação do Quilombo de Palmares, que se desenvolveu do século 16 ao 18, transformando‑se no maior estado negro das Américas. Palmares se localizava na divisa entre Pernambuco e Alagoas — na serra da Barriga —, e ela teria sido uma das primeiras habitantes do local conhecido como Cerca Real dos Macacos, onde se reuniam os chefes‑militares. Por lá, Acotirene atuou como conselheira, tanto para assuntos pessoais como para questões político‑militares.

As cabaças utilizadas por Ventura ganharam vários usos e simbologias. Sua origem é remota, mas muitas vezes ligada à África, de onde teria sido levada para a Ásia, a Europa e as Américas. Era utilizada não apenas na alimentação, mas sobretudo em rituais de religiões de matriz africana. No candomblé, ela leva o nome de Ãkèrègbè e, cortada em forma de cuia, é chamada de IÍgbáse ou cuia Ásé. É empregada nos rituais de Sásará de Omulu, como depósito de remédios; no Ógó de Esù, numa representação do falo masculino. Está presente também nos rituais de Obaluayê, Omulu e Exu.

É conhecida, ainda, como “pote da vida”, pois guarda os mistérios da cura, da vida e da morte. Em certos cultos, cada pessoa possui sua própria cabaça, que simboliza não apenas a si mesma, como também seus guias espirituais. A relação entre as cabaças e Acotirene é direta, porque elas guardam consigo as noções figuradas de semente e aconselhamento, frequentemente associadas à figura feminina. Nessa obra, as cabaças de diferentes formatos e adornos unidos passam a imagem de uma grande entidade, evocando não apenas a memória de Acotirene, como também a perpetuação de seu legado em diferentes gerações.

O texto acima, de autoria de uma das curadoras de 'Histórias das mulheres', Lilia Moritz Schwarcz, compõe o catálogo de 'Histórias das mulheres' e 'Histórias feministas',

'O sorriso de Acotirene', 2018, cabaças, sisal, palha, aço, ferro e materiais diversos, 240x200 cm

Confira:

https://www.select.art.br/ainda-e-sempre-contra-a-invisibilidade/

 

https://terremoto.mx/feminist-histories-artists-after-2000/

 

https://culturaefutebol.wordpress.com/tag/masp/

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/08/masp-exibe-obras-de-pintoras-que-foram-ignoradas-na-historia-da-arte.shtml

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